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Strasbourg


Finalmente as fotos de Strasbourg! O nome da cidade significa "cidade no cruzamento de muitas estradas" e de fato Strasbourg dá essa impressão de ser um lugar onde muitas coisas se encontram.
Em território francês, bem próxima à fonteira com a Alemanha, Strasbourg de fato é um encontro não apenas de rotas comerciais antiqüíssimas, mas tambem de culturas. A fronteira da França com seus vizonhos germânicos sempre dancou prá frente e prá trás, deixando Strasbourg ora na França, ora na Prússia, ora na Alemanha.

Nosso amigo Rodrigo, falamos mais dele depois, que mora na Alemanha diz que a maionese é melhor na França, por isso sempre vai a Strasbourg a comprar a bendita maionese... Pegamos o carro (ele mora no sul da Alemanha, bem pertinho da fornteira com a França) e fomos passear em Strasbourg. O rodrigo não foi nesse dia, pois estava se recuperando (dormindo!) de um plantão, entao foi o Jurgen, nosso amigo alemão quem nos levou.

Itzel e Jurgen numa rua medieval enfeitada com parreiras

Chegando a Strasbourg, muda não apenas a língua, mas tambem o humor das pessoas. Gente é verdade! Os franceses são podres! Não digo que todos os franceses sejam chatos, eu tenho amigos franceses maravilhosos, mas a atitude geral das pessoas na rua dá ao forasteiro a impressão de que estao todos de mau com a vida, ou como se houvesse um fedorzinho no ar e todos estão torcendo o nariz.

Deixando de lado a atitude dos franceses, STrasbourg é uma das capitais da Europa, vale dizer, sede de várias instituições européias como a Crote de Direitos HUmanos e o COnselho Europeu. A cidade é linda, limpa, organizada com um sistema de transporte charmosíssimo e coalhada de monummentos hitoricos com direito até a uma catedral gótica, com torres pontudinhas, vitrais deslumbrantes e até mesmo um relogio telúrico!

A Itzel A-D-O-R-O-U os bondes moderníssimos de Strasbourg

Uma das coisdas que eu mais gostei foi o relógio telúrico da catedral: Fica à direita do altar, num ¨puxadinho¨ da nave. Relógio telúrico é um relógio que mostra além das usuais hora certa e data, outros eventos imporantes, como as estações do ano, posicão dos planetas no sistema solar e até mesmo coisas mais folclóricas como colheitas, festas anuais e até mesmo ela: A Morte. (Uhhhh!)

Lindo e interessantíssimo

Depois de sair da igreja, fomos eu, Itzel e Jurgen tentar tomar um sorvete, eu digo tentar porque quando dependemos de serviõs franceses, nem tomar um sorvete é uma tarefa muito segura. Chego no Mc Donald`s e peço dois sundaes. A garota toca um olhar do mais puro enfado com a colega no caixa ao lado, suspira, e me diz que eles não fazem sundaes no momento. Eu pergunto: Voces não tem sundaes no momento por falta de material ou este Mc Donald`s não serve sundaes nunca? Ela revida os olhos, ajeita a cabeça em cima dos ombros e responde: Nem um nem outro. Simples assim. Então eu, em um último esforço de fazer o trabalho dela de ar-me informações, pergunto quase de galhofa, se em toda a França os Mc Donald`s não fazem sundaes. Ela, à beira de um AVC, me dis que sim. Eu satisfeito, pedi dois casquinhos. Vive la France!

Depois de tomar o sorvete, fomos andar pela rua:

Itzel, depois de Jurgen te-la salvo de morrer atropelada pelo bonde em frente à Ópera de
Strasbourg


Uma ruela limpíssima e beeem antiga





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Parada Gay de Amsterdam





Ano passado Itzel e eu fomo ao Brasil, para nosso noivado. Mas este ano fizemos nossa primeira viagem para fora do Japao e para um pais que nao eh nem o Brasil nem o Mexico (o qual eu por sinal nunca visitei...).

Fomos mes passado pra Alemanha, com passadas rapidas pela Franca e pela Holanda. O que eu mais gostei foi de Amsterdam, a louquissima capital abaido do nivel do mar dos Paises Baixos.

Tivemos a sorte de estar em Amsterdam JUSTAMENTE no fim de semana do desfile do orgulho gay de Amsterdam. A cidade ja eh uma loucura normalmente (se nota...) neste fim de semana fica ainda mais cheia de festas, turistas, maconheiros e liberdade.

Amsterdam eh uma cidade linda TODA TODA TODA cortada por canais. Daqui a uns dias eu faco um post sobre a cidade em si, agora vamos falar do desfile:

O Desfile eh todo em uma dos principais canais, que a volta ao redor de Amsterdam, literalmente abracaondoa cidade. No lugar de carros, barcos alegoricos, onde os desfilantes iam passando com suas fantasias e deboches. O publico vai se acomodando a beira dos canais ou em barcos estacionados proximo a margem. Muitos cafes e restaurantes vendiam lugares em suas mesinhas na calvada a precos de ouro, e quem mora na regiao, naturalmente ve da janela do quarto.

Um dos primeiros barcos a passar foi o do prefeito de Amsterdam, que voces podem ver ao lado. Na Holanda, recentemente, surgiu um boato segundo o qual a Primeira-ministra era gay. Bem, quando o boato estava ja estava deixando Amsterdam em chamas e Roterdam em cinzas, houve uma entrevista coletiva justamente com ela: a Primeira-ministra. Adivinhem qual foi a primeirissima pergunta do primeirissimo reporter? Isso mesmo: "Senhora Primeira-ministra, eh verdade que a senhora eh gay?" Ele respondeu: Sim sou. E isso nao tem nada de errado." Acabaram os boatos. Incrivel nao?



O barco que eu mais gostei estava cheio de pais de gays e lesbicas, que se organizaram para passar a mensagem de: "Aceitem nossos filhos: nos ja os aceitamos". Muito bom!

Do lugar onde estavamos pudemos ver o desfile todo. Foi muita sorte pois estava cheissimo. Eh muito interessante ver que na Europa um desfile do orgulho gay nao eh mal visto, pelo contrario: As pessoas nao se envergonham de estar la assitindo, aplaudem, se divertem e levam os filhos. Como dizia uma dos cartazes do barco dos pais: It's all about poeple.
Entretando uma coisa que eu notei foi que os gays na Holanda nao sao muito criativos pra se fantasiarem. As fiantasias variavam de anjinho a diabinho, com alguma variacoes de cores. Todos, invariavelmente, seminus (para padroes europeus, pra brasileiro, nada que nao se veja na praia todo domingo...)

Depois mais fotos de Amsterdam, Strasbourg e Frankfurt.

Tschüs

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Estamos de volta (sim, no plural)




Como a vida dah voltas. Tantas voltas que o peregrino esquece ate de dar noticias de suas voltas.

Uma volta especial, alias muitas e muitas voltas, em minha vida se chama Itzel. Uma mexicana, estudante de doutorado aqui no Japao, como eu. Sofrendo e se surpreendendo com esta terra tao maluca, tao de cabeca pra baixo.

Nos encontramos e desencontramos muitas vezes, em festas de amigos comuns. No meio de tantas pessoas, linguas, comidas bebidas e culturas nos viamos e nos conhecemos. Tantos encontros e desencontros que demorou pra gente se afinar. Na verdade eu, por tonto demorei a da-me conta .

Mas enfim nos aproximamos e uma coisa especial, um relacionamento de verdade, foi se sedimentando. Tao devagar quanto as coisas que duram e perduram na vida. E duramos. Desde dezembro de 2005 estamos juntos. Ja vivemos um bocado de aventurras e desventuras. Viajamos, ficamos aqui em Nagoya por meses de enfado e tedio com a vida academica pouco criativa do Japao.

Fomos ao Brasil. Noivamos. Ela conheceu meus amigos antigos, eu conheci os dela. Fizemos novos amigos, que sao nossos.

Celebramos nossa alegira de vivermos juntos e e choramos muitas vezes nossas brigas, que nao foram e nao sao poucas.

Mas posso dizer uma coisa: devgarinho fui me surpreendendo com o amor que apareceu dentro de mim.

Ja eh mais que tempo de registrar isso, afinal minhas andancas sao pelo mundo e por dentro de mim.


Itzel: Te amo.



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Sinais dos Tempos

Esta semana aconteceram dois eventos que eu cresci achando que iam mudar o mundo, ou pelo menos o meu mundo:

O Brasil pagou sua Divida Externa.

Fidel Castro deixou de ser o ditador de Cuba.

Podem me chamar de exagerado: mas quando eu era crianca e ate bem recentemente, eu achava que haveria uma mudanca essencial no Brasil quando a Divida Externa fosse paga. A Divida Externa Brasileira comecou na Independencia, com D. Pedro I pegando um papagaio com bancos ingleses para pagar a indenizacao a seu pai, por reinar no reino que antes era dele (do pai): Imaginem, se eu tomo um emprestimo para comrpar uma casa de meu pai, moro nela como se tivesse se tornado minha daquele momento em diante e no final nao apenas herdo as outras casas de meu pai, como faco com que os empregados da casa paguem o emprestimo, de uma casa que nunca deixou de ser da familia... Cambalachos dinasticos a parte, a Divida Externa foi aumentando, aumentando... com a crise do encilhamento... com os gastos de guerra de Vargas... com a contrucao de uma fabulosa cidade branca no meio do barro vermelho no tempos JK... com
os governos militares e suas Itaipus... e suas Transamazonicas...

Algumas dessas coisas foram uteis, como Itaipu, outra nao foram, como a transamazonica, outras ainda tem suas utilidades discutiveis, como Brasilia, mas o fato que nao pode ser discutido eh que o Brasil criou divida e o povo brasileiro sofreu com ela.

Nao se enganem: a inflacao dos anos 80 e 90 foi resultado, principalmente de um governo que gasta mais do que ganha. Na epoca em que comecam minhas memorias, no inicio dos anos 80, a Divida Externa brasileira ja havia ganho uma dimensao mitica, alem de sua dimensao financeira. As pessoas costumavam dizer: "Ah! Isso so vai acontecer quando o Brasil pagar a Divida Externa..." para caracterizar algo impossivel. Eu cresci lendo, ouvindo e aprendendo que uma das maiores raizes do males do Brasil era a Divida Externa, essa chaga incuravel.

Outro mito que moldou meus assombros foi o de Fidel Castro: Desde a biografia que acumulava poeira numa estante la de casa ate os professores de cursinho que comparavam o incidente da Baia dos Porcos e a descida da Sierra Maestra a momentos quitessenciais da Historia, passando pelas imagens indeleveis de pessoas se jogando em uma mar cheio de tubaroes em boias de borracha para escapar do pais (e eu corria pro mapa e me assombrava com a diferenca de largura entre o Estreito da Florida e a Baia de Sao Marcos que para mim ja era uma enormidade, com tubaroes entao...) eu cresci com uma ideia de que Cuba, para o bem ou para o mal era uma coisa eterna.

Pois bem, nesta semana o Brasil pagou a Divida Externa, e o ComAndante Fidel Castro deixou o poder.

Confesso que estou perplexo, nao sei o que pensar. Paga a Divida, nao era para o Brasil ja ter entrado no Primeiro Mundo? Nao era para a populacao viver bem, com educacao, trabalho, saude, emprego, infrestrutura e consumo abundantes? Nao era para o Brasil ter ja deixado de ser "exportador de materias-primas" quando pagasse sua Divida Externa?

Mas ainda ha favelas em Sao Luis. Ainda sou maltratado na Policia Federal de Guarulhos, ainda tenho medo de ir na Pague-Menos da Cohama depois das sete da noite (sete da noite!!!).

Cuba ainda tem um povo que nao come bem. Nao era para um pais latinoamericano ficar rico quando se livrasse dos lacos economicos e politicos com os Estados Unidos? Os cubanos estao alfabetizados, mas o Chile conseguiu tambem alfabetizar seu povo sem mata-lo de fome. Cuba tem medicos, mas o pais ainda vive mal e produz menos comida do que ha 50 anos atras, quando ainda era um cassino dos gringos. Os cubanos ainda deixam suas casas para nadar com tubaroes.

Nao era pro mundo e pro Brasil estarem melhores?

Minha constatacao hoje eh que sim e nao. Minhas visoes sobre o fim da Divida Externa Brasileira e do reinado del Fidel sao infantis, nada mais.

O Brasil tem melhorado e pagar a Divida Externa eh apenas um passo na caminhada para se tornar um pais de verdade. Hoje ponho em dividas minha educacao: O que me ensinaram meus professores? Que devo eu pensar quando as previsoes que eles me ensinaram nao se cumprem?

Ponham, meus caros, em duvida a educacao que voces receberam. Especialmente em disciplinas como Historia e Geografia. Valorizem e se arrependam de nao ter dado mais valor ao seu sofrido porfessor de gramatica. Simplesmente esquecam todas as aulas de fisica: elas sao inuteis.

Leiam voces mesmos, jornais, revistas e livros. O Brasil esta mudando (para omelhor e para pior) e voces nao estao percebendo. Ou sera que eu eh que nao estou percebendo nada?

Aqui fico, com meu assombro: O Brasil pagou a Divida Externa.

link para a noticia aqui.



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Nespresso

Hoje eu vou falar de um de meus amores: minha maquina de cafe.

Ha um ano e meio atras estavamos eu e Itzel numa loja de departamentos aqui de Nagoya e entrei na loja da Bang & Olufsen e da Wedgewood eu vi uma maquina que ma chamou a atencao. Como sempre, fui mexer. A maquina me atraiu pelo design, eu nem sabia que era pra fazer cafe. Mexi mexi mexi ate um ponto que como nao consegui botar pra funcionar disse prta Itzel: "Eu quebrei! Vamos sair da agora!!!!!"

A Itzel mais curiosa ainda do que eu, e sem o medo de ter que pagar pela maquina (hehehehe) chamou uma das vendedoras e pediu a explicacao. Eu nao falo japones, mas entendo bem algumas horas. A medida que a vendedora ia falando, eu ia me apaixonando...

O conceito nao podia ser mais simples: Sao pequenas Capsulas de um aluminio bem fininho, que parece plastico, todas de cores lindas. Dentro, tem cafe embalado a vacuo. Voce poe a capsula num orificio em cima da maquina, aperta um botao e Plim! Cafe!!
Depois, so precisa lavar a xicara. A maquina nem se suja. As capsulas usadas sao recolhidas em um compartimento interno. Simplesmente genial.

Os cafes vem habitualmente em 12 sabores ("blends" em ingles, "crus" em frances e "burendous" em japones). Sao resultantes de misturas de cafes de altissima qualidade provenientes de varios lugares do mundo, como Peninsula Arabica, Africa, Sudeste Asiatico Americas Central e do Sul, e inclusive e especialmente o Brasil.

O Cafe eh simplesmente delicioso!!!!!! Qualquer um deles, mas meu favorito eh o ristretto, da capsula preta, que faz o expresso mais forte e nao muito acido. Amarguissimo, mas como nao eh mutio acido, se tomado com um pedacinho de chocolate deixa uma saborzinho fantastico na boca.

Itzel depois de visitar a Boutique Nespresso em Strasbourg

Muita gente reclama que nao compra a maquina porque nao quer ficar refem da Nestle para adquir as capsulas. Ora, se eu quero tomar cafe comum, eu continuo com minha cafeteira normal, na qual eu uso um cafe brasileiro bem gostoso que consigo comprar aqui em Nagoya mesmo. Organico e embalado a vacuo, eh bem bom. Nao dependo da Nespreso para tomar cafe.

Mas quando quero tomar uma cafe de qualidade excepcional, como se tivesse sido feito pelos melhores baristas da Europa, eu simplesmente aperto o botaozinho da minha Nespresso. Alem do que as capsulas podem ser compradas em qualquer lugar do mundo por telefone e pela internet.

A Nespresso abriu sua primeira loja em Sao Paulo um tempinho atras. Nao demorou muito veio a de Ipanema. Agora esta planejando expandir-se para Belo Horizonte e Brasilia. Logo logo chega no Sul e no Nordeste. Ja tem ate 0800 para comprar capsulas de todo o Brasil.

As boutiques Nespresso aqui no Japao ainda tem mais uma vantagem: Sempre que eu vou comprar capsulas, eu posso me sentar e tomar um expresso, ou um ice-espreso, ou um capuccino enquanto espero a funcionaria embalar minhas capsulas. Gratis assim.

As maquinas no Brasil ainda sao caras (surpresos?) apartir de R$850,00 e podem ir ate mais de R$2.500,00. Mas aqui no Japao ainda que caras ja sao acessiveis, por uns bons Y 19,000. Ainda caro, mas considerando o que eu gastava com Starbucks toda semana (uma fabula!!!!) a maquina se pagou em seis meses. Agora eh so prazer.

Para fazer receitas mais complicadas como capuccinos, machiattos e lattes, eu recomendo tambem adquirir um bom liquidficador com copo de vidro e motor possante. Tambem uma cremeira de leite da Bodum ou o Aerocino da propria Nespresso: As unicas no mercado que realmente fazem uma espuma consistente e cremosa, sem deixar o leite aguado.

Quando eu puder vou convidando cada um de voces a tomar um cafe comigo, dependendo de onde eu (com minha maquina!) esteja.

Ate mais,

PS: eu nao to recebendo dindin da Nespresso pra fazer propaganda nao... eh que quando uma coisa eh boa a gente tem que contar, pra que as ruins melhorem.



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The Mysterious Flame of Queen Loana


Estou lendo um livro:

Ele acaba de acordar e conversa com o medico. Lhe contam que sofreu um acidente e que tinha perdido parte da memoria: Lembrava de tudo o que tinha lido na vida, mas havia perdido todas as memorias pessoais. Sabia o ano da Queda da Bastilha ou do bombardeio de Hiroshima, sabia a data de nascimento deVan Gogh eos jnomes dos deuses do Olimpo, mas nao se lembrava das filhas e netas, de qual comida gostava, do perfume de sua esposa ou do rosto da primeira mulher que amou.


Volta para a casa que havia sido do avo, no campo, para tentar reviver o passado e recuperar a memoria. Comeca a explorar o material que encontra: Livros, revistas, vinis, fotografias, cartas, diarios, panfletos... Material acumulado por quatro geracoes.
Nesta parte do livro vai se reconstruindo a historia do cotidiano das pessoas comuns na Italia antes e durante a Segunda Guerra Mundial.
Vai revendo os jornais, lendo seus quadrinhos de menino, ouvindo os vinis do avo, folheando os albums da famila. Construindo sua memoria pessoal com o papel que vai encontrando pelos quartos mofados e sotaos empoeirados da casa.

Vou lhes confessar uma coisa: o livro eh chato. Quero dizer: o texto em si eh lento, detalhado demais e me enfada. Por que eu continuo lendo? Porque apesar da lentidao e enfado do texto em si, o argumento me pegou: Um homem que contsroi uma memoria de papel. Que coleciona lembrancas e conhecimentos que deveria ter acumulado com com experiencias, como uma pessoa normal, mas que se ve na situacao de ter que fazer isso tudo lendo.

Eu me indentifiquei? SIM!!!!!!! Quando crianca, vivendo em uma ilha tropical, com praias belissimas e natureza deslumbrante, para mim paisagens e lugares que eram absolutamente normais seriam fantasticos e maravilhosos para a maioria das pessoas no planeta . Mas por ourtro lado eu carecia de experiencia com um mundo que me era completamente alheio numa cidadezinha de 500 mil habitantes do cantinho mais pobre e atrasado do Brasil: O mundo que me faltava era o Mundo, com M maiusculo.

Eu tinha sede de saber como as pessoas em Nova Iorque e em Marraquesh iam para o trabalho, o que comiam, como falavam. Para mim, ate mesmo Sao Paulo e Rio eram ligares distantes. Eu conheci Couscous, Coissant, Sushi sem comer. Limousine, Cabriole, Tuktuk sem neles andar. Kimono, Sari, Turbante sem vesti-los. Iglu, skyscraper, Sotao sem visita-los. Conheci todas essas coisas sem conhece-las. Construi minha memoria com papel.

Ia lendo os livros, folheando as revistas, vendo os programas na TV e acumulando uma memoria de ouvir falar. Aos 15 anos falava tres linguas. Aos 20, quatro. Aos 25 cinco. As aulas da escola para mim eram uma necessidade. Eu nao era um CDF por gostar de estudar. Eu odeio estudar. Eu era CDF por pura necessidade. Necessiade de romper meu isolamento com aquilo que me atraia: o Mundo, sua diversidade, suas cores que eu nao podia ver, seus cheiros que eu nao podia cheirar, tuas texturas que eu nao podia tocar, suas sensacoes que eu nao podia experimentar.

Sao Luis era ao mesmo tempo meu paraiso e minha prisao. As pessoas que me cercaram na infancia e adolescencia nunca entenderam meu relacionamento com esse lugar. Eu falava mal de Sao Luis o tempo todo. E as pessoa sme diziam que eu tinha que amar minha terra, meu lugar de origem. Mas eu amava! Eu amava e amo minha terra. O que eu odiava era o isolamento, o fato de que o resto do mundo estava tao longinquio.

Eu era um frustrado que tentava apaziguar sua angustia lendo.

Yambo, o personagem do livro, eh um homem velho que faz uma memoria de papel para coisas que ele ja viveu. Eu, um menino novo, fazia minha memoria de papel para coisas que eu desejava viver e nao vivia.


Por isso eu continuo lendo um livro chato.



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O Vinde Fieis!


Adeste, fideles,
Laeti triumphantes,
Venite, venite in Bethlehem.
Natum videte
Regem angelorum.
||: Venite adoremus, :||
Dominum.

En grege relicto,
Humiles ad cunas
Vocati pastores approperant.
Et nos ovanti
Gradu festinemus;
||: Venite adoremus, :||
Dominum.

Stella duce, Magi
Christum adorantes
Aurum, tus, et myrrham dant munera.
Iesu infanti
Corda praebeamus;
||: Venite adoremus. :||
Dominum.

Cantet nunc hymnos
Chorus angelorum;
Cantet nunc aula caelestium:
"Gloria, gloria
In excelsis Deo!"
||: Venite adoremus, :||
Dominum.

Deum de Deo,
Lumen de Lumine,
Gestant puellae viscera,
Deum verum,
Genitum non factum.
||: Venite adoremus. :||
Dominum.

Aeterni Parentis
splendorem aeternum,
Velatum sub carne videbimus;
Deum infantem
pannis involutem.
||: Venite adoremus. :||
Dominum.

Pro nobis erenum
et foeno cubantem,
Piis foveamus amplexibus.
Sic nos amantem
quis non redamaret?
||: Venite adoremus. :||
Dominum.

Ergo qui natus
die hodierna
Iesu tibi sit gloria
Patris aeterni
Verbum caro factum
||: Venite adoremus. :||
Dominum



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Amanha vou esquiar


Pois eh, hoje a noite saio e chago de manhazinha na regiao de Nagano, a noroeste de Toquio para um fim de semana caindo. Sim, porque essa coisa de deslizar na neve pra mim esta mais proxima de cair sistemnaticamente do que propriamente deslizar.

Mas voltar ao blog nao significa simplesmente voltar a escrever e e ler comentarios, mas tambem aumentar assiduidade nos blogs alheios. Eu sempre tive meus blogs essenciais: O blog do Rafael, de Amanda (sao bons para a alma) e o blog do Tio Rei (eh bom pro cocoruto).

Mas voltando a ser blogueiro, eu acabo lendo e comentando mais nos blogs em geral, e nos ultimos dias me meti (pra variar!!!) em uma discussao com um dos visitantes do blog do Rafael.

O assunto era o seguinte: Rafael escreveu um post sobre o Natal, dizendo que essa cerimonia da nossa cultura era uma oportunidade de ir alem do consumo e das queixas de que o mundo era um lugar feio. Rafael defendeu em seu post que o Natal eh uma oportunidade de criar e fortalecer lacos e relacionamentos, de celebrar o amor e de tomar atitudes de solidariedade. Ele disse tambem que ser generoso no Natal eh muito facil mas que nas outras epocas do ano as pessoas deixam de lado a compaixao e voltam a suas vidas mais ou menos egoistas.

Entao, um leitor do Rafael fez um comentario dizendo que o Natal era uma epoca do ano em que o consumismo deixava mais evidente o fato de algumas pessoas terem fome e outras viverem em prosperidade. Isso seria injusto e feio.

Ate ahi tudo bem, so que o comentarista estava discordando de Rafael!

Eu reli o post e o comentario. Ja havia um resposta de Rafael dizendo que era necessario que o leitor relesse o post para entender o que ele tinha dito. Ele se recusou: que nao releria, e que continuaria discordando.

Ahi eu me meti: Apontei o fato que os dois tinham dito rigorosamente a mesma coisa, e que o tom de discordancia do comentario nao era pertinente. Ele insistiu. Eu expliquei com peras e macas.

O menino se magoou.

A questao em si para mim nao tem a menor relevancia, se o rapaz de Fortaleza esta ferido, bem, eu posso mandar um band-aid pra ele pelo correio, mas nao posso fazer muito mais do que isso: Quem se mete em debates deve estar pronto ao debate, nao?

O que me chamou atencao no episodio foi a falta de logica.

Uma vez aqui em Nagoya conversando com amigos brasileiros, discutindo o ensino de disciplinas humanas nas escolas brasileiras, chegamos a conclusao (obvia) que o ensino de geografia, historia, politica e filosofia estava contaminado por um aparelhismo althussiano (Louis Althusser esta no google) e que nao preparava os individuos para serem cidadaos pensantes, mas que se enchia as mentalidades de um pensamento esquerdoide que demoniza quem produz e cria falsos conlitos de classes no Brasil.

Ahi minha amiga, que eh engenheira, me perguntou: Entao como fazer para ensinar as pessoas a pensar com idependencia sem ser tendencioso?

Eu respondi que ensinar a pensar ja basta. Simplesmente ensinar a ler, a entender o que foi lido, ensinar linguas estrangeiras para que as pessoas possam ter acesso a textos de outros cosmos culturais (isso ajuda a ver as coisas de pontos de vista diferentes).

Outra coisa que ajuda muito eh o estudo de logica. Quando a gente sai do Brasil para estudar, ve que aqui no Primeiro Mundo as pessoas sao muito cuidadosas ao usar apalavra "logica".

No Brasil todo mundo diz: "Mas isso eh logico! Pura logica meu caro! Sim, Isso faz sentido, eh bem logico". Quando discordam, dizem: "Mas isso nao tem logica! Nao faz sentido! Voce nao tem Razao!"

Quando alguem diz que algo tem ou nao logica eu pergunto: "Logica como? Em qual metodo logico este pensamento se aplica?"

Meu interlocutor, ser for brasileiro, invariavelmente engasga. Ele nao tem ideia do que eu estou falando. Ahi eu levanto as sobrancelhas e mudo de assunto.

Exemplos de metodos logicos sao: Inducao, Deducao, Nexo Causal, Silogismo, entre outros.

O mais simples deles eh o silogismo. Na verdade, os gregos ja o dominavam ha mais de 2500 anos, mas os brasileiros ainda patinam...

Outro eh o Nexo Causal ou Nexo de Causalidade.

O Nexo de Causalidade existe quando:

Se A, entao B. Se Nao-A, entao Nao-B.

Aplicando: Se eu como, minha foma diminui. Se eu nao como, minha fome nao diminui.
Este eh um exemplo de nexo de causalidade.

Facil? Entao vejamos algo um pouco amis complexo:

Se ha mais empresas, ha mais empregos. Se ha menos empresas, ha menos empregos.

Muito bem, maisum nexo de causalidade. O problema comeca quando as pessoas no Brasil querem que se resolva os problemas do desemprego e da distribuicao de renda ruim com menos capitalismo, ou menos empresas.

Vejamos:

Com mais eimpostos, ha menos emrpesas. (Nexo de causalidade verdadeiro)

Com CPMF, a distribuicaod e renda melhora e a pobreza diminui. (Nexo de causalidade falso)

Ocorre que o nosso governo passou um bom tempo dizendo que o fim da CPMF iria causar uma piora na condicaod e vida dos pobres.

Aquia logica entra: como o nexo de causalidade eh falso, o governo esta errado!

Assim se pensa.

Pura Logica!

Quando eu disse pro leitor de Rafael que a critica dele estava correta, mas que nao era relevante para o post de Rafael, ele respondeu que eu era intolerante.

Mas pensar com logica nao eh ensiado nas escolas brasileiras. Silogismo entao nem se ouve falar!!!!! Os professores preferem ensinar que em Cuba as pessoas vivem felizes, enquanto que o Capitalismo so gera pobreza.

Vamos a um silogismo:

Formula: Todo A eh B. Se C eh A, entao C eh B.

Exemplo: Todo ser humano faz xixi. Se Jeremias eh um ser humano, entao ele faz xixi.

Aplicando a logica da geografia na escola brasileira: Todo o sistema capitalista gera pobreza. Entao, onde ha capitalismo ha Pobreza.

Certo?

Nas escolas do Brasil, sim, certissimo!!!!

Errado!!!!!!

Vejam so:

O Japao eh capitalista. O Japao eh pobre. A Franca eh capitalista, a Franca eh pobre! Luxemburgo eh capitalista, Luxemburgo eh pobre.

PEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE! Errado!

Todos os paises capitalistas que existemn no mundo sao ricos. Todos os paises do mundo que sao pobres NAO sao capitalistas.

Mas voce dira: O Brasil eh capitalista e eh pobre.

Eu respondo: O Brasil NAO eh capitalista. O Capitalismo pressupoe acumulacao de Capital para a producao (Isso eu aprendi de Marx!!!!). Acumulacao de capital tem nome: Poupanca. No Brasil Nao ha poupanca. Capital para a producao tem nome: Uso da poupanca para investimento.

No Brasil, tanto a poupanca quanto o investimento sao ridiculamente pequenos.

Se so ha capitalismo com poupanca e investimento, entao o Brasil NAO eh capitalista. Puro silogismo, pura Logica!!!!

Como eu disse no comeco, os brasileiros nao aprendem logica. No Brasil, instinto eh chamado de logica. Se voce simpatiza com a opiniao, ela eh logica.

Eu nao sei esquiar. Quando subo na neve, caio. Mas eu gosto de ir esquiar, entao quando eu vou esquiar e passo o tempo todo caindo e NAO esquio, eu estou esquiando!!!!

Faz sentido, nao?





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Voltei!!!!!




Pois eh. Fiquei pensando nos ultimos dias sobre este post. Nao sei bem como justificar minha ausencia por tanto tempo aqui no Blog. Eu sei que neste mundo virtual e instantaneo, ficar sumido por tanto tempo nao eh nada bom neh?

Por ter sido tanto tempo, peco perdao, mas pela ausencia em si, nao. Acho que faz parte de ser peregrino essa coisa de ir. Muito da minha motivacao de comecar este blog foi porque eu sahi do Brasil. Sahi e nao queria sair. Queria experiemntar coisas novas, conhecer o mundo, estudar. A bolsa pro Japao era a oportunidade perfeita. Mas como deixar minha fmailia, minha igreja, meus amigos, minha praia, meu mar, meu sol? Sim meus caros, o Japao eh ilha, mas de tropical nao tem nada.

Vir pra ca foi dificil. Ficar foi mais dificil ainda. Eu sinto um frio no peito toda vez que lembro dos tempos em que eu tinha que negar a mim mesmo o desejo de simplesmente desistir do programa e voltar. Doeu muito. Mas eu fiquei.

Neste meio tempo, eu conheci mais de dez paises, tres continentes, muitas pessoas, aprendi a falar mais duas linguas (mais ou menos...) me graduei no mestrado, comecei o doutorarado, assisti aulas, dei aulas, li muito, me apaixonei, noivei.

Parece pouco? Talvez seja, mas o fato eh que eu fui abandonando o blog porque com o passar do tempo, foi ficando mais e mais facil ficar aqui. O desejo de voltar foi se transformando de uma compulsao, uma necessidade, em uma saudade, a palavra protuguesa, mas o sentimento eh universal. E saudade doi, mas tambem eh gostoso... como bicho de pe...

Com tudo isso, o blog perdeu motivo. Nao perdeu importancia, pois eu sempre voltava aquie lia os textos, principalmente os comentarios. O conteudo desta pagina se tornou um refencial pra mim. Meus textos e os comentarios se tornaram uma referencia a que eu recorro as vezes pra nao me perder.

Mas para escrever, era preciso mais. Foi preciso que eu tivesse um novo motivo para o blog. Este novo motivo eu ainda nao sei exatamente qual eh, acho que so o saberei quando ele ja nao existir mais, como o anterior, mas que eu tenho um motivo novo isso tenho.

Por favor nao fiquem zangados comigo. Meus amigos continuam importantes, eu nunca os abandonei. Amizades, mesmo no mundo virtual, quando sao verdadeiras nao se perdem com o tempo. Viram saudades, e quando ha saudades o retorno eh mais gostoso.

Estou de volta. Se voces voltarem tambem fico feliz, se nao, entenderei.



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